terça-feira, 17 de junho de 2008

Um cristal - Uma pedra de luz


Amigos,

Mais um ano lectivo quase, quase a terminar… (é assim que os professores medem o tempo). Hora de balanço, de reflexão sobre o que foi e o que poderia ter sido. Sempre que se fecha o círculo temporal de um educador/professor, a mesma angústia, as mesmas perguntas: «o que aprendi?», «o que ensinei?», «o que vivi?». Se nos acostumarmos a fazer isto, veremos o quão imperfeitos somos e o caminho que ainda temos para melhorar. Façamos esta reflexão…. Cada um de nós, no mais íntimo de nós mesmos, acostumemo-nos a pensar. Não custa nada e reforça as nossas energias internas. Nada de olhar para o passado com nostalgias. É do futuro que devemos ter saudades. Mas isso é uma coisa que só a experiência da vida nos/vos ensinará. Não vou dizer quanto vos amo, a cada um de vós, esse tesouro está guardado dentro de mim como uma pedra que brilhará sempre que se acenderem os vossos nomes no coração, que é lá que guardamos os frutos mais preciosos e as pérolas mais puras. Sei que nos vossos também estarão gravados em memória e amizade os nomes daqueles que, ao longo dos anos ou num encontro menos demorado, foram e serão mais do que vossos professores, vossos amigos. Aqueles que sempre que se falar de vós acenderão uma chama de esperança no futuro.
Encontrámo-nos quando já vos tinha faltado a esperança e a crença nas instituições escolares que não respondiam aos vossos corações que para elas estavam surdos. Encontrámo-nos porque a vossa persistência falou mais alto. Uma voz que dizia: «É agora! é agora!». Procurámos escutar essa voz à qual respondemos «Está quase! Está quase! Só mais um esforço!». O que ficou para além do saber dos manuais (que nós não tínhamos?) O que ficou do ser que nos fomos sendo, em conjunto? O querer ser. O querer fazer. É esse que ficará. Não é o querer fazer sozinho, senão o que fizemos acontecer. Nunca se colocará entre nós o «Valeu a pena?» Acreditamos nas almas grandes, como diz o poeta. (Sabem de quem falo…). O que são meia dúzia de birras/berros para o tanto que nos demos? O nosso encontro foi incondicional. Por isso acredito que o bem se sobreporá aos sentimentos negativos. Por isso sei que plantámos, em algum lugar do tempo e do espaço, uma flor que não secará. É essa que esperamos ver desabrochar. É essa que faz valer a pena. Que o vosso coração a alimente na lembrança dos «recados» que vos deixámos. Espalhem-nos e o vosso/nosso mundo despertará mais vivo em cada palavra vossa.

Com carinho,

Maria Sarmento

Sem comentários: